A antiga frase "o homem é um ser
racional", muito usada ao nos referirmos sobre o que somos, sobre nossa
natureza, apenas contém meia verdade. Pode representar uma valorização da nossa
capacidade de raciocinar em termos lógicos, mas, em relação a nossa natureza
íntima não é tudo. O ser humano é racional e emocional. E não é possível uma
separação completa destes dois aspectos do nosso ser.
Onde estivermos, o que fizermos, seja
trabalho, lazer ou qualquer atividade, sentimentos, emoções e a nossa capacidade
intelectual estarão presentes. Eles são a base de tudo que construímos, de
nossas atitudes em relação ao meio que nos cerca, de nossas aspirações e
iniciativas. Por mais fria que seja uma jogada em um tabuleiro de xadrez, o
jogador sentirá uma satisfação imensa ao saber que ela o conduzirá ao
xeque-mate. Um matemático dará "pulos" de alegria ao resolver um
problema há anos sem solução. E um empreendedor estará orgulhoso e contente ao
terminar de construir uma empresa na qual dedicou anos preciosos de sua vida.
Uma parte de nosso cérebro, o sistema
límbico, é o responsável pelo nosso aspecto emocional; o córtex cerebral é a
porção responsável pela nossa lógica e ambos funcionam em conjunto como citei
indiretamente acima. Ora agimos racionalmente, ora pelo lado sentimental, mas, igual
a uma balança a não pender só para um lado, esses dois componentes sempre
estarão presentes.
Nossa capacidade intelectual leva-nos a
construir tudo aquilo até onde a nossa lógica permite; e nossos sentimentos,
nossas emoções, são o combustível para tanto. Combustível porque um sistema
como o nosso cérebro, de longe o mais complexo que existe, funciona de modo
lógico dependendo de suportes como motivação, iniciativa, imaginação, coisas
que consomem energia.
Devido ao fato do cérebro ser do jeito que
é, do modo como trabalha, vivemos intensamente tendo ideias, realizando-as,
sonhando, buscando formas e meios para o nosso bem estar e uma pessoa com
algum desequilíbrio emocional está momentaneamente incapaz de levar uma vida
plena em realizações. A depressão, por exemplo, não permite a ninguém produzir
sequer uma pequena parte de trabalho a qual está acostumada.
Você já se perguntou, pensando em um dia
de trabalho, por quantos estados emocionais você passou? Pelos sentimentos
envolvidos em todas as suas ações? Na verdade nem paramos para pensar nisto, de
tão natural que estas coisas são para nós. Nosso dia a dia de trabalho não é só
racional, e nem poderia ser... Trabalhamos sempre de duas maneiras simultâneas:
pensando, e esse é nosso lado racional, e deixando que nossos sentimentos nos
guiem, avaliando nossas ações e impulsionando-nos mesmo se não gostarmos
daquilo que estivermos fazendo. E um resultado de trabalho envolve uma carga
racional e emocional muito grande.
Os sentimentos estão sempre a nos
acompanhar porque existe, e nunca podemos perder em nossas aspirações, algo
talvez mágico em nossa natureza humana: vontade. Quando temos vontade em realizar algo, nosso
lado racional atua no sentido de deliberar, resolver como fazer, para daí
tomarmos uma decisão e partirmos para a ação. Veja que nestas palavras também
estão envolvidos os sentimentos: decidimos pelo lado afetivo, quando nos
deixamos levar pelas nossas emoções, decidimos pela razão, quando do contrário,
e decidimos em um conjunto destas duas coisas e muitas vezes nem questionamos
os pesos de cada uma delas.
Nosso mundo é competitivo, desafiador,
repleto de informações e novidades. Decidimos muitas coisas em poucas horas,
nos deparamos com pequenas coisas que acumuladas e não resolvidas poderiam nos
gerar pânico, fazemos o possível para realizar um bom trabalho naquilo em que
estamos empenhados. Enfim, recebemos uma forte pressão, seja de um superior em
nosso trabalho ou mesmo internamente, de nós mesmos. Ao decidirmos sobre qual
ação a tomar para resolver um problema, estamos inexoravelmente traçando um
caminho, um "destino", que nos levará talvez a um ponto sem volta;
daí, nada melhor que irmos com calma, pensando em possíveis resultados, em
nossos objetivos, etc.
Nossos resultados dependerão de muitos
fatores, mas, quaisquer que sejam eles, nossas decisões devem sempre estar
calcadas em ponderações, em atitudes e posturas coerentes com nossos objetivos.
O controle emocional entra como um forte componente para que não chegamos a
resultados desastrosos. Sim, agir quando estamos sobre forte emoção não nos
leva a nada; pode apenas complicar as coisas.
Evidente é o caráter benigno de um
desabafo frente a situações que nos fazem perder momentaneamente o controle
emocional, mas, não nos descontrolamos todo o tempo. Não “explodimos” sempre
que uma situação desafiadora aparece em nossa frente. Desta maneira estaríamos
doentes e o melhor a fazer seria um tratamento.
Somos levados em nossas realizações por
sentimentos positivos onde ocorre, além da realização em si, um crescimento
interior culminando em um amadurecimento como ser humano. Se um dos sentidos
mais fortes para a vida é o de construção, razão e sentimentos, em ponderação,
estão em primeiro lugar.
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"O Porquê dos nossos Sentimentos -
II" - http://www.cerebromente.org.br/n15/opiniao/sentimentos2.html
"Our
Feelings. Why Do We Have Them? - II" - http://www.cerebromente.org.br/n15/opiniao/sentimentos2_i.html
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Blogs relacionados:
"Psicologia Evolutiva - Uma Visão Básica Sobre o
Assunto" - http://psicoevolutiv.blogspot.com.br